Pois bem, hoje escrevo sobre o BBB, ou melhor, sobre Maria, a vencedora. Como boa parte da população brasileira acho os “reality shows” um “besteirol”, porém acabo sempre assistindo, não por ver algum fundamento, mas por gostar de observar as pessoas e procurar entender a mente humana.
Comentar a trajetória da Maria no Programa é uma tarefa difícil, já que ela causou tanta polêmica e tanta revolta das mulheres e isso, ao meu ver, é uma grande hipocrisia, uma vez que muitas das atitudes dela fizeram com que as mulheres brasileiras se identificassem e com isso se revoltassem contra ela. Maria humilhou-se, correu atrás de uma paixão, tomou “altos porres”, curou uma dor-de-cotovelo com um novo “amor”... Qual de nós mulheres pode dizer que nunca fez isso? E aí é que está a causa da grande revolta – nos vimos nas atitudes dela e aí, o grande problema não são as atitudes da Maria e sim as nossas que tanto nos frustram.
Nós mulheres, em razão da evolução feminina, das grandes transformações, da nossa independência tão defendida e propagada, nos indignamos cada vez que percebemos que ainda cometemos os mesmo atos irracionais, passionais e tipicamente femininos. Porém, isso de forma alguma nos enfraquece, pelo contrário, demonstra que mesmo que tenhamos buscado de certa forma nos “masculinizar”, ainda guardamos a essência feminina, a passionalidade de nosso sexo.
Outra coisa, em relação aos atos vulgares cometidos por ela (e não foram poucos), ela retratou muito do que acontece na sociedade, ou você, leitor, vai dizer que não conhece nenhuma mulher da “vida real”, capaz de cometer alguma das barbaridades que ela cometeu? Aí vem a hipocrisia, ou seja, todos nós julgamos, rotulamos os atos de todos, indiferentemente, por coisas que nos agridem. De certa forma todos nós vivemos em um grande “reality”, pois estamos a todo tempo “vigiados”, não por câmeras, mas por olhos e opiniões fulminantes. Esse fato faz com que passemos a avaliar, a pensar, muitas vezes, antes de fazer o que queremos por medo da opinião, do julgamento dos outros, porque no fundo o que todos nós queremos é conquistar a aprovação dos outros. Pois bem, Maria foi contra esse desejo, pouco se importou com a opinião dos seus colegas de confinamento ou tão pouco do Brasil, talvez aí sim ela tenha se destacado. Ela fez o que quis, correu atrás do que queria e foi a grande vencedora. Méritos a ela... Afinal, um milhão e meio todo mundo quer, mas talvez a maior conquista dela tenha sido derrotar a nossa hipocrisia. Guardemos o nosso “moralismo”, a nossa hipocrisia e que isso sirva para que revejamos nossos conceitos de forma menos radical e preconceituosa.